Rússia

Big Riso na Rússia


Em 2005, a coordenadora do Big Riso, Roberta Bigucci, teve a oportunidade de entregar pessoalmente uma carta sobre a história do Big Riso ao dr. Patch Adams, precursor e idealizador da humanização hospitalar. Na ocasião, o médico visitava um hospital público em São Bernardo do Campo. Pouco tempo depois, ainda em 2005, Roberta recebeu uma surpresa: uma carta resposta onde Patch Adams mencionava ter gostado da iniciativa e a convidava para ir a Moscou, na Rússia, conhecer um pouco mais sobre seu trabalho. Por motivos pessoais, a viagem se concretizaria somente em 2008.

Um ano antes, em 2007, Roberta encontrou novamente Patch Adams, durante o workshop “What is your love strategy?” (Qual a sua estratégia de amor?), realizado em São Paulo. O desejo de conhecer mais de perto o trabalho de humanização de Adams ficava ainda maior.

Finalmente, no dia 8/11/2008 (exatos quatro anos da primeira visita do Big Riso), Roberta embarcou rumo à Rússia, onde se encontrou com Patch Adams e representantes de outros países. O grupo visitou mais de 20 entidades entre hospitais e orfanatos, constatando que o amor se dá com gestos e não com palavras. Não falar russo não atrapalhou os visitantes, uma vez que a alegria contagiou a todos nos hospitais.

Aqui, um resumo do diário de bordo que Roberta Bigucci escreveu enquanto estava na Rússia:

“Os dias aqui começam cedo. Logo de manhã vamos para algum hospital, ou orfanato. Têm muitos por aqui. Passamos algumas horas por lá e depois saímos para o almoço em outro hospital ou restaurantes da cidade, sempre vestidos de palhaço, é claro! À tarde, visitamos orfanatos onde normalmente as crianças fazem apresentações para nós. Eles se preparam bastante para essas ocasiões. Normalmente são crianças com problemas mentais. As noites têm sido bem divertidas, com jantares em restaurantes típicos da cidade e apresentações teatrais. Sempre com roupas de palhaço. Aliás, esta foi uma das condições para a viagem. Na minha mala, de roupa normal só tinha a que eu embarquei no Brasil. Já em Washington tive que trocar e colocar a fantasia para chegar a Moscou caracterizada.
Dá para imaginar as pessoas indo assistir a uma peça teatral e, de repente, aparecem 30 palhaços no teatro? Ontem fomos aplaudidos quando entramos, pois acharam que fazíamos parte da peça. Na verdade, o objetivo não é o turismo. Estou aqui há quatro dias e não conheci nada de Moscou, nem mesmo o Kremlin. Passamos o dia todo em hospitais. O verdadeiro objetivo é dar amor para aqueles que não têm nada, nem parentes, nem família, muito menos amor. Os poucos minutos que ficamos com cada criança parecem uma eternidade para eles. É nítida a diferença quando entramos e quando saímos. Ao entrar, um silêncio total, enfermeiras sérias apenas cumprindo ordens. Ao sair, uma gritaria pelos corredores, balões por toda parte, enfermeiras rindo e todos se divertindo. É por isso que eu acredito que esse trabalho vale a pena, e o meu maior objetivo é fazer com que cada vez mais pessoas possam se vestir de palhaço para simplesmente dar amor.
Sinceramente, quando saí do Brasil e li o roteiro da viagem, fiquei um pouco frustrada de ir para Moscou e não poder conhecer os pontos turísticos, principalmente porque talvez nunca mais volte para cá, mas, hoje, alguns dias depois de chegar aqui, isso realmente não está fazendo a menor diferença. Não conhecer a Rússia não vai mudar em nada a minha vida, mas ver a carinha das crianças quando saímos de cada hospital, isso sim vai fazer uma diferença que eu vou levar para o resto da minha vida!