29/03/2022
Já reparou como cada palhaço faz rir de uma forma diferente? São personalidades, roupas e brincadeiras únicas.
27 de março foi Dia do Circo! E um personagem indissociável deste picadeiro é o palhaço (ou “clown”, em inglês, como muitas vezes é referenciado). “O palhaço tem essa responsabilidade do brincar, do fazer rir e por isto ao mesmo tempo também é uma coisa muito séria”, afirma Edson Milhouse, artista circense múltiplo na Mil Circolartes, produtor e diretor.
Mas e como este profissional faz a mágica (ou melhor, a palhaçada) acontecer à sua maneira, com roupas, brincadeiras e personalidades diferenciadas dos demais?
O profissional explica que, assim como cada pessoa é única, o personagem de seu palhaço também o é. E interpretar esta singularidade, implica em entender não só seus objetivos como palhaço, mas seus defeitos e qualidades como indivíduo.
“Temos os palhaços da recreação, o do próprio circo e o palhaço que faz ações e atividades em hospitais. Além disso, tem o universo da palhaçaria feminina e o palhaço indígena, ou também aquele da cultura popular, ou cultura africana, por exemplo. É um leque de palhaçarias muito grande e que se juntam complementarmente. O legal é isso, porque a gente, como palhaço, sempre aprende um pouco mais”, comenta Edson.
A escolha das roupas, primeira esquete e personalidade (Augusto/Branco)
Além de observar e interagir com demais palhaços, uma dica é começar a consolidar o personagem com o que já tem em mãos: pequenas cenas engraçadas do dia a dia e roupas espalhafatosas que caiam em seu gosto. “A gente pode encontrar muitos figurinos, roupas grandes e espalhafatosas, no próprio brechó, que é mais econômico”, sugere ele.
Edson explica que há dois arquétipos de palhaço: Augusto e Branco.
“Geralmente o Augusto é aquele que usa sapatos e roupas mais espalhafatosas, sendo o mais engraçado. Enquanto o palhaço Branco veste roupas mais sérias (às vezes até mais elegantes), agindo como ‘sabichão’ e por vezes até trapaceando em um jogo de cena com o Augusto. Este equilíbrio forma as cenas cômicas”.
Exercício para montagem/aprimoramento do seu palhaço(a)
- Pegar papel e caneta.
- Responda as perguntas abaixo no papel, mas de forma rápida. Não se pode pensar muito para não perder a sua real essência, cumprindo a proposta do exercício.
- Pense em um objeto e o escreva.
- Escreva três defeitos seus na folha.
- Agora, escreva três qualidades ou virtudes suas.
- O próximo passo é escrever um medo que tenha.
- Tudo posto no papel? Por fim, coloque o seu estado agora… como você se sente?
Com isto descrito, você já tem as características para expressar em seu palhaço!
“O nosso medo pode ser também o medo do nosso palhaço, algo que pode ser usado como um estado de cena. O objeto que você escolheu: reflita sobre qual o significado ele tem para você ou em qual cena você poderia utilizá-lo. Às vezes a gente não para pra pensar ‘poxa, verdade eu sempre faço isso. As pessoas podem achar muito engraçado’”, explica Edson.
A partir da criação do personagem, continuam em melhoria a montagem e expressão…
O personagem do palhaço está sempre em constante mudança, assim como o ser humano por trás deste papel. Além disto, de acordo com Edson, as habilidades paralelas ao performar (acrobacias, dança, música) e o desenvolvimento corporal deste palhaço estão sempre em constância, vivos.
E é por isto, que há tanto sentido na frase proferida pelas trupes “viva o circo brasileiro!”.
E como nasceu o Dia do Circo?
A data homenageia o aniversário do palhaço Piolin (27/03/1887), reconhecido pelos principais modernistas da Semana de Arte Moderna 1922. Tanto que foi por intermédio de Piolin que Mário de Andrade atribuiu a seguinte frase sobre a arte do palhaço: “Criam por isso sem leis nem tradições importadas, criam movidos pelas necessidades artísticas do momento e do gênero, pelo interesse de agradar e pelas determinações inconscientes da própria personalidade. Tudo isto são imposições que levam à originalidade verdadeira e à criação exata”.
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