Raízes: o legado de 1987 ao Big Riso

 02/08/2021



Preocupação com figurino, risos e improvisação. Como a primeira experiência de palhaça da Roberta Bigucci impactou o programa de voluntariado em hospitais


Após 34 anos, um encontro inesperado. José Elias da Silva, conhecido também como palhaço Bororó, encontra uma notícia sobre um grupo de voluntários em hospitais, o Big Riso, e identifica alguém que procurava há um tempo. A informação da amiga chegou pelo mesmo meio em que ele conheceu no ano de 1987 a Turma do Pirulito: no jornal impresso. 
“Não fiquei nenhum um pouco surpreso com o que vi, mas orgulhoso. A evolução do trabalho da Roberta era natural, de qualidade”, conta.

Do outro lado, Roberta Bigucci tentava resgatar contato com seu primeiro chefe como palhaça Spiningrifika Pirulito, da Turma do Pirulito. “Eu procurei o Elias por vários anos. Era uma espécie de gratidão ele saber deste legado. E no fim não fui eu quem o achou, mas uma amiga, a Vânia. Inacreditável! Na mesma hora mandei mensagem para ele”, relembra com emoção. 

Em 25/06/2021, o reencontro foi virtual. 



O produtor de eventos, José Elias, ainda leva o lúdico dos anos 80 e 90 da sua empresa “VemKenKé” de festas infantis, para o trabalho de hoje focado em segurança de trabalho (indústria automobilística, construção civil). 

Sobre o contraste entre o cenário de antes e agora, Elias comenta:
"Apesar de todas as crises e as respectivas fases difíceis nas empresas, as pessoas se preocupavam em criar um ambiente festivo legal. Atualmente, as crianças estão mais no celular e o próprio encantamento do palhaço mudou - sem tanto espaço para algazarra".

Agora, imagine só: a energia de uma criança, multiplicada em 100, mil e às vezes até 7 mil! O produtor relembra a importância de encontrar profissionais à altura para a demanda festiva na época, pois eram muitas crianças e muitos grupos de palhaços. Afinal, como também lembra Roberta, a reação imediata não podia ser de desespero: "quando a gente chegava e se deparava com o estado de alguns 'palhaços mortos e desanimados' por lá, a primeira ideia era elaborar logo uma gincana".

Segundo ele, a proposta era ambientar a festa já na chegada dos convidados e não apenas dentro do salão. Só que a chegada da Turma do Pirulito já era um evento por si só e, assim, descia do carro a trupe com trajes coloridos e esbanjando palhaçadas.

“E eu lembro quando voltávamos de transporte público, todo mundo fantasiado. Conforme passavam as estações e a Turma ia descendo, muitas vezes sobrava eu no final: sozinha e vestida de palhaça no meio dos passageiros (risos). Ainda hoje temos como princípio no Big Riso que, vestidos com o figurino, tanto nos hospitais como no trajeto de ida ou volta, ainda estamos no espírito de palhaços”, conta Roberta.


"Era muito importante este pessoal que vinha com o espírito de brincar. A turma da Roberta não tinha experiência, mas tinha a gana de brincar. Eu sempre tive vários funcionários, mas o grupo da Roberta era exemplo de homogeneidade. Junto com os outros colaboradores, a energia se tornava única", ressalta Elias.

Juntando a disposição da Turma e a criatividade de Elias, a gente chega a um denominador comum: o improviso e o empenho, características tão necessárias e aplicadas também atualmente nas visitas hospitalares.


Curiosidades
Pelos em evidências
De acordo com a Norma 14 do Big Riso, é importante cuidar da aparência para não ofuscar a experiência. Inclusive, cobrindo os pelos da perna. 
“Eu nunca esqueci do dia em que vimos alguns palhaços com tantos pelos nas pernas que a primeira coisa que o Elias falou foi: ‘pelo amor de Deus, cadê as meias destes palhaços?’”, relembra Roberta entre sorrisos.

Montagem do palhaço
“Na época nos permitíamos muitas experiências”, comenta Elias. 
Contudo, se há uma coisa que não mudou nas últimas décadas é o pavor de palhaços por algumas pessoas. Curiosamente, uma técnica absorvida das festas da Turma do Pirulito pela Roberta para antes das primeiras visitas hospitalares do Big Riso, era a caracterização ao longo da interação com a criança durante os eventos - uma forma de humanizar o personagem, gradualmente, por meio da aplicação de maquiagem e figurino. Esta conduta, porém, não é aplicada no Big Riso. 

***Confira como começou a Turma do Pirulito (Roberta Bigucci e Milton Junior Bigucci, com  Leila Maria) e o início do Big Riso na página 5 da revista Big Riso: https://www.mbigucci.com.br/assets/upload/538e5a19c03aa85597a9d6c85eefbc7e.pdf